Sunday, December 10, 2006

Viagem

Dia 05 de dezembro de 1983, segunda-feira, 17h30, um vôo da Varig levando 170 passageiros, entre eles os atletas gremistas, decolava do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tendo como destino final o aeroporto de Narita, no Japão. Com eles, embarcava a esperança de milhares de torcedores ansiosos com a decisão do Mundial Interclubes.

A despedida emocionada de centenas de gremistas no aeroporto da capital gaúcha fez com que o início de viagem fosse marcado por um clima de alegria e confiança. Ninguém demonstrava preocupação com o desgastante vôo.



Porto Alegre - Rio de Janeiro - Lima

A primeira parada foi no Rio de Janeiro, onde a delegação trocou para um avião maior. No mesmo vôo, embarcaram os jogadores do time Estrelas da América, uma equipe com atletas e ex-atletas da América do Sul que faria jogos amistosos nos Estados Unidos.

As presenças de Rodolfo Rodriguez, Romerito, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Torres e Figueroa, entre outros, causou rebuliço no avião. O zagueiro chileno, ex-Internacional, foi alvo das brincadeiras de gremistas e acabou tendo que vestir uma camisa do Grêmio, para alegria dos fotógrafos.

O carteado foi a principal distração encontrada pelos passageiros para ocupar o longo tempo ocioso dentro da aeronave. Jogos animados entre atletas, torcedores e diretoria ocupavam as atenções dos demais. Poucos permaneciam em seus lugares, e a caminhada pelos corredores foi a alternativa para a bem-vinda esticada de perna. Depois da janta e com a chegada da madrugada, as luzes foram apagadas e a maioria, derrotada pelo cansaço, caiu no sono.


A chegada em Lima ocorreu por volta das 3h30 de terça-feira, com escala de uma hora para reabastecimento. Alguns passageiros se aventuraram a descer do avião para fazer compras no aeroporto, mas prontamente retornaram de mãos vazias reclamando dos altos preços cobrados pelos comerciantes locais.


Lima - Los Angeles - Narita

Por volta das 10h de terça-feira, dia 6, já com o sol brilhando do lado de fora da janela, foi servido o café da manhã. Muitos já estavam de volta ao carteado, acompanhado do chimarrão. O avião se aproximava de Los Angeles, nos Estados Unidos, local da última escala antes do trecho mais longo da viagem.

Com o aeroporto de Los Angeles em reforma, os passageiros tiveram que aguardar em um local improvisado, dentro de um galpão inflável, até o anúncio da saída da nova aeronave. Dali para o Japão seriam mais 11 horas de vôo.

A constante mudança no fuso horário acabou confundindo todo mundo. A discussão a respeito do horário durou um bom tempo. Uns tinham mudado o relógio para o horário do Peru, outros para os Estados Unidos, mas a maioria optou por não mexer. Na verdade, a discussão foi só mais um pretexto para passar o tempo.

O técnico Valdir Espinosa, sabidamente temeroso quando entra num avião, já deixara de ser o alvo das brincadeiras. Acostumado com os barulhos das turbinas e com as turbulências, passou algumas horas na cabine de comando, onde recebeu uma aula de pilotagem.


De León, Mazarópi, Caio, Tonho e o próprio Espinosa, contavam com a presença de suas esposas no vôo. Uma concessão da diretoria gremista após apelo de Margarita, esposa do capitão uruguaio. (Gremio.net)

Grêmio.Net: Você conheceu quase o mundo todo com o Grêmio mas uma viagem tão longa e cansativa como esta foi a primeira vez. Como foi o vôo até Tóquio?

Banha: Foi tranqüilo. Conversamos bastante, jogamos carta, tomamos chimarrão. Na época eu pesava 143 Kg e o pessoal caiu na minha cabeça porque eu não conseguia fechar o cinto de segurança. A aeromoça teve que trazer outro pedaço de cinto para poder fechar. Era complicado ir ao banheiro também. Muito apertado (risos).

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